domingo, 5 de outubro de 2008

This is the end, beautiful friends

É o fim. O blog perdeu seu sentido há tempos, desde que a tal da objetividade entrou em minha vida textual. Nunca assumi uma constância necessária que o passatempo pedia, e nunca avisava ninguem sobre novos posts. É isso ai, pessoal!


The end - The doors

"This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend, the end"

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Constatação

Eu
Eu não
Eu não tenho
Eu não tenho tempo
Eu não tenho tempo para
Eu não tenho tempo para blog
Eu não tenho tempo para
Eu não tenho tempo
Eu não tenho
Eu não
Eu

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Em 7 minutos ou dois gols

“Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola. A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana. Às vezes, num córner mal ou bem batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural"

Nelson Rodrigues era um reacionário-da-direita-extrema com todos os pleonasmos adjuntos possíveis. E sem exagero. Mas, para romancear o futebol, houve poucos como ele. Uma simples “pelada” de fim de semana pode conter proporções cósmicas e invisíveis que normalmente não se vê em outro esporte conhecido pelo Homem. Quem joga sabe. Parece que a Lei de Murphy está no campo, quadra, ou rua desfilando sua máxima a toda hora. E o que faz o ludopédio mais interessante ainda é que o contrário também vale. Ás vezes, a sacramentada derrota, chute torto ou um toque estranho na bola torna-se mágico e digno da reverberação pulmonar de todos os presentes...

“Ta” bom. Por que tanta divagação? É que sábado passado eu estava justamente numa pelada com esses momentos grandiosos. De todo, não foi mal nem bom – simplesmente aconteceu.

Antes de tudo, esporte é guerra. Fato. Ninguém quer competir – isso é balela. Fair Play? Sei... Como dizem todos os boleiros “profissionais”: Quando a bola rola, todo mundo quer ganhar!

Então, o que realmente aconteceu é um daqueles momentos de quase toda pelada. Formou-se uma panela (quando os melhores jogadores se juntam, com o objetivo óbvio de não perderem e ficarem jogando Deus sabe até quando). Do outro lado, o time, que eu estava, como se diz, não salvava nem no papel. Os prognósticos eram de uma simplicidade péssima. Com o perdão das palavras, tinha desde o gordinho que não “chega” nem quando o passe é bom e o alto/desengonçado que nem sabe por que está na pelada.

Esse é uma das poucas situações do cotidiano que realmente me animam. É difícil ver a adversidade na sua frente com tanta força e, além disso, tão clara. Só há um jeito de tudo dar certo. Rola a bola – eu tinha combinado com o goleiro, que teve a sensibilidade de sacar a situação que aquela partida de sete minutos era nossa.

Engraçado, que os detalhes agora me fogem. Pra quem entende um pouco de futebol, eu praticamente encarnei o Gattuso, aquele volante/volante italiano, que joga no Milan. Pra quem não entende, eu que não sou raçudo, comecei a correr feito louco, acreditando em jogadas tão furadas como promessa eleitoral este ano! Nosso goleiro pegou não sei quantas boladas, chutes na cara do gol, que em partidas medianas, já teriam passado com toda a certeza. Num lance deixei o gordinho com o gol vazio – 1 x 0. Não lembro do gol deles, nem mesmo se houve.

Mas em dado momento, estava na ponta esquerda da quadra, o goleiro lançou e recebi sozinho de costas para o gol, dei uma caneta no goleiro (por entre as pernas) e saí livre pra marcar. Entre as traves, acho que a bola até chegaria sozinha com algum custo. Mas, no melhor momento “f*%#$&oda-se o mundo”, armei o conhecido bicudo, chute dos sem-habilidade, proferido com o dedão. Era aquele momento do desabafo, “_ Que as coisas não são assim”... Enfim, libertação talvez.

Mas a bola foi pra fora. De um modo estranho, o chute simples saiu torto, a bola era oval, o pé de apoio não estava correto – God Only Knows. Nem com todas as possibilidades tecnológicas e físicas seria possível explicar o que aconteceu. A bola simplesmente não entrou. A partida perdeu aquele sentido, então. Sei lá, nem me importei com o erro, mas ainda não queria perder. No fim, acho que acabou em empate. Engraçado que essa partida foi a última do dia. Ninguém quis continuar. Acho que a lição ficou pra todos, ou pelo menos, gosto de pensar que ficou.


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Jornalismo da semana (ou como o Cesar Tralli tem tanta sorte)

Vocês, caros leitores deste embolorado blog, já repararam como a Rede Globo milagrosamente sai na frente das concorrentes em caso das carvalescas novas operações da Polícia Federal de nomes complicados, e porque não, bem bolados?

Grande trabalho de apuração, "a-lá, fulando deu um furo", dirão os puristas e conformados. Mas sem aquele velho espírito de descer o pau na Globo: por que o Cesar Tralli sempre está no lugar certo, quando trata-se de PF?

Realmente é estranho.

Dei uma uma zapeada e encontrei coisas interessantes. Dois links, um do blog do Noblot e da Folha online, discutindo e informando sobre o assunto.

É visto que a Globo já lançou mão da velha conversa de que as fontes são secretas e não precisam aparecer, mas, se alguem aqui lembra, Tralli já apareceu vestido de policial federal numa operação. Muito estranho.

E o pior, a Carta Capital já tinha noticiado. Veja, digo digo, confira aqui.

quinta-feira, 27 de março de 2008

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Eu advirto: A internet faz mal a saúde

Esse é um aviso sincero sobre os momentos que passei. No início era brincadeira, só experimentava de vez em quando. Normalmente na casa dos outros, nem tinha em casa. Daí a coisa ficou séria, comecei a mexer com essas paradas dentro da minha própria casa, indiscriminadamente. Se não tinha nada pra fazer, ia lá e mandava brasa (putz..essa é velha).

Sim, a droga chamada internet já havia me aliciado, me seduzido. Me trouxe necessidades até então que não possuia - ou será que apenas não conhecia?

Brincadeira? Infelizmente não. Há quase uma semana, a empresa responsável por minha conecção estava fazendo um trabalho de manutenção, o qual me trouxe algumas horas sem 300 kilobites por segundo. Foram horas estressantes sem saber o que fazer... Ler um livro, você diria. Não, eu queria saber o porquê de não ter minha velocidade de download! Porquê minha "conecção" com o mundo havia sido cortada. Porquê meu cordão umbilical de informação estava solto. Acima de tudo, porquê parecia que estava tão sozinho.

A conclusão que cheguei, e que agora, por ela, faço essa advertência, é de que a tela do computador é a nova tela de TV. Se antes tinhamos que esperar por determinado horário para sentarmos no sofá e divagar com algo tolo o bastante para entreter, agora podemos sentar numa cadeira de estofamento duvidável e clicar para abastecer nossa ignorância. São muitas opções além da Globo, SBT, Record.. da antiga televisão. Todo tipo de entretenimento inócuo, ou não, está lá.

Quantas séries você vê atualmente? Quantos filmes você baixou? Quantos downloads de álbuns que você ainda não escutou? A cartilha é a mesma pra maioria das pessoas. Essa tele-tela não avisa seus males, não vem com manual de intruções, nem advertência, como um maço de cigarros. Entretanto, além de ser um avanço, pode ser também, se mal usado, a maior droga do séc. XXI.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Discos que mudaram a história (pelo menos a minha) parte 1


Na incrível falta do que falar nesses dias, resolvi apelar para algo que já é inerente ao cotidiano do ser humano - a música. Quando estiver com vontade de escrever, e não ter uma idéia interessante, aparecerei (que palavra feia!) com uma resenha sobre os albúns que marcaram/marcam/estão marcando minha vida. Afinal, como diria o poeta, "Ah Ah Ah, não pode parar".

Vamos começar com classe, já que é pra ser o primeiro, não haveria escolha diferente. Estas são provavelmente as músicas que eu mais ouvi até hoje na vida. Às vezes fico um bom tempo sem escutá-lo, mas eu sempre lembro dele naquela semana meio parada.

Weezer - "Blue Album", ou "Azul", como diria um nacionalista amigo meu.

Pra começar, esse cd do Weezer nao tem nome, é só Weezer mesmo. Vendo a capa ao lado você já adivinha de onde veio o apelido "Blue...". Então, ele foi lançado nos meados de 94, pela Geffen Records - a mesma do Nirvana - com incríveis 10 canções.

Dez canções impressionantes. Se houvesse sido lançada (até o presente momento) uma coletânea da banda, incluir as 10 músicas seria estranho, mas não um absurdo. Absolutamente. O disco começa com My name is Jonas, uma introdução rápida de violão que já desaba numa das maiores qualidades da banda, a bela distorção das guitarras e, antes que eu me esqueça, distorção com as paletadas pra baixo (sim, pra baixo, não-alternadas). Que acaba lembrando os Beatles, se eles usassem distorção, é óbvio, na fase Iê-iê-iê. A música em si não vende o estilo do Weezer por completo, mas já fica impresso com letras interessantes. Rivers Cuomo berra "The workers are going home!! Yeah, yeah, yeah!". Muito legal. E lá vem de novo a introdução, ou seria Outro? de violão, como no inicio da musica, selando a própria.
Daí vem No one else, com as mesmas guitarras, mas já com a levada característica da banda. Música feliz, que te bota pra cima. A letra é tola e simplória, como de quem que acabou de sair da High School.. "I want a girl who will laugh for no one else" - isso mesmo, reminiscências da adolescência nerd de Cuomo. Bonitos arranjos de guitarra, viradas de bateria, e um refrão ganchudo. Partimos então para The world has turned and left me here, violão e guitarra (distorcida, claro) juntos. Acho estranho porque ao vivo, a guitarra devia ficar por cima do violão, bem, como ainda nao vi nao sei. A música diz no fim, com a segunda voz, "Do you believe what I sing now?, parece um recado. Eu sempre achei que ele cantava num "still the boy behind my face" num trecho, mas na verdade é "still the voice..", bem, segue a luta. a música é meio triste e termina com aquele clima violão e microfonias... Para a incrível Buddy Holly - Rivers diz - "Sim, nós acreditamos no anos 60 e em sua sonoridade e não me importo!". Vide "I don't care what they say about us anyway. I don't care 'bout that." Tem até aquela paradinha, em que todos instrumentos para de tocar e só a guitarra faz um arranjo, pra em seguida, todo mundo voltar a tocar. É clássica, e tem um clipe perfeito (vide meu orkut, lá tem). A próxima é Undone (The sweater song), li num blog e concordei com a descrição. É um perfeito exemplo de uma música indie dos anos 90, pela levada e pelas letras. Demorei a reparar, mas na intro tem um diálogo que aparentemente se passa dentro de um show, uma festa. Um cara está todo animado enquanto o outro só dá respostas enviesadas - típico de quando você encontrar alguem numa festa e não quer conversar muito com a pessoa. A letra mesmo da música diz: "If you want to destroy my sweater, Hold this thread as I walk away". Tem aquele velho formato, música tranquila, refrão destruidor, formato o qual nunca nos enjoamos. Alguem discorda? Pergunte ao Kurt Cobain... Voltando a música, tem até solo, e muito bonito. Em seguida vem Surf wax America. Acredito eu uma letra cheia de sarcasmo para com os surfistas, ratos de praia, etc.. Tem duas partes dessa música que são muito interessantes. No meio dela, quando tudo para e o Rivers canta com um backin' vocal foda e uma linha de baixo para, em seguida, acelerar a música de novo e, no melhor estilo Ramones, gritar "Let's Go!", e finalizar com... distorção! Agora, essa é a melhor. Eu nunca pensei que diria, mas Say it ain't so é a melhor. Assim, ela nem resume a banda completamente. Não tem todos elementos característicos. Mas ele é demais! Admito que faço hair guitar nessa música... pra falar a verdade até hair bass eu faço de vez em quando! Ela é redonda, sem arestas. Não tem nenhuma nota sobrando nem faltando! Tem um riff sinistro (tava faltando esse adjetivo), solo desgraçado, e aquela guitarrinha limpa do início é absurda de boa. Toda vez que pego num violão eu toco essa música. Ela é estremamente pessoal do ponto de vista do compositor, fala sobre o pai do vocalista, que era separada de sua mãe. Mas mesmo com esse clima, ela é demais. Agora temos o hino nerd definitivo. Sério, mais geek do que essa música impossível! In the garage já começa com a primeira estrofe falando na primeira pessoa - vou até traduzir pra não ter dúvidas - "Eu arrumei o livro do mestre, eu arrumei um dado de 12 lados, eu comprei a Kitty Pryde, e o Noturno também, esperando por mim". Bem, mais referências do que isso não tem jeito. E ainda diz no refrão:"In the garage, I feel safe.No one cares about my ways. In the garage where I belong. No one hears me sing this song." A garagem de Cuomo, seu refúgio com seus livros de RPG, miniaturas dos X-men e discos do Kiss. Tá bom ou quer mais? Fora a introdução de gaita e violão... Pronto, chegamos a penúltima Holiday. Interessante que o cd não desacelera. Só na última mesmo. Mas ainda não chegamos lá... Essa, como não pode ser diferente, é essencial. A letra nos convida a uma viagem para um lugar desconhecido e distante, na velocidade de uma batida de coração, sem preocupação com malas ou com o resultado de tudo. Psicodélico, e lá continuam as palhetadadas pra baixo, enfim, o que faz o Weezer, Weezer. Sem mais demoras, o final. Only in dreams, a derradeira canção de quase oito minutos! "You can't avoid her. She's in the air... In between molecules of Oxygen and Carbon Dioxide." Eu fui reparar nesse verso anos depois de já tê-la escutada várias vezes.. Acho isso muito interessante em alguns álbuns, os pequenos detalhes que só vemos com o tempo. A música em si é linda. Uma batida de baixo marca a música toda com a bateria, para posteriores incursões das guitarras. Rivers canta com o tom lá no alto, fazendo raiva a muito moleque ai que tenta alcançar: Only in dreams!!! E volta o baixo e a batera, tem solo, outro solo, fica só o baixo, um monte de coisas.. Os instrumetos se alternam para o grand finale. Fica aquela bateria marcando junto no prato e na caixa, sabe? Na verdade eu falei ao contrário, só inverter minhas frases. Mas tudo bem, esse é o fim. Fine. The end. That's all Folks
Not to be continued.
Tudo isso representado numa última nota Lá, no contra-baixo.

Sabe, esse conjunto de músicas não é conceitual, não mudou a história do rock, não criou escatologias, mas, acima de tudo, é carregado de sentimento. Chega ser até uma catarse. São 10 canções extremamente sinceras sem qualquer intenção incutida ou pré-estabelecida. Verdairo, autêntico, com o maior número de pleonasmos possíveis. Interessante que há algum tempo eu o achava estremamente datado e ligado a uma certa época, mas hoje vejo que pra mim, será sempre atemporal.

Interessados: baixe aqui - Weezer (blue album)